mariagira

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quarta-feira, 11 de abril de 2007

... "ser poeta é ser mais alto"...

... "dizer como quem canta"... ou como quem pinta...

Ilustração/pormenor de página de Madalena Ghira , livro A Ilha das Palavras de José Jorge Letria, Oficina do Livro.

1 comentário:

sonjo disse...

Na ilha das palavras
vivia um rapaz que não sabia escrever.

Sebastião não tinha nem muitos afazeres
nem muitos amigos,
pois todos passavam
as suas tardes de brincadeira
a coser frases.

Sebastião passava todo seu tempo
tempo a olhar o céu, observava
as formas das nuvens e os pássaros
que passavam.

Não se importava muito
com o que os outros faziam, 3
Sebastião sonhava diferente.

No dia do seu aniversário
a sua mãe oferecera-lhe um bloco
fresco e uma caneta de gel floral,
eSebastião soluçou um choro
às escondidas, pois nem caneta
de gel nem o bloco fresco
lhe serviriam para nada…

Sebastião ouvia os amigos ao longe
e as palavras que o vento trazia
apesar de não as perceber
diziam-lhe outras coisas que
os outros meninos e meninas
da Ilha das palavras não poderiam entender.

Sebastião não era um menino escrevente,
Sebastião era um menino diferente…

Um dia Sebastião passeava-se pela praia
da Ilhas das palavras e tropeçou
num resto de fogueira da noite anterior,
os pedaços de carvão coloriram
os seus pés descalços e
Sebastião correu para a água para os lavar
quando voltou à areia, Sebastião reparou que
o bloco que sua mãe lhe dera, estava tombado sobre o
carvão e na primeira folha do seu bloco fresco,
os pedaços de carvão desenharam umas linhas
tortas que Sebastião não conhecia.

Sebastião, em jeito de descoberta
Pegou num dos pedaços e uniu as linhas…
Passaram-se horas, dias e semanas
e rapidamente o bloco fresco
deixou de o ser e passou a ser um
bloco cheio…

Assim Sebastião descobriu o desenho.
E nunca mais se sentiu sozinho…

sonjo